engraçado essa nossa coisa de se sentir sozinho, né? porque eu tava aqui pensando, entre uma parada e outra desse ônibus, que talvez a vida seja isso mesmo: um monte de batalhas solitárias. mas a gente sempre acaba buscando alguém para dividir alegrias e tristezas, uma coisa meio bizarra, como se o mundo fosse pesado demais para levar sozinho…

mas aí hoje eu acordei com um nó na garganta e não tinha ninguém para segurar a minha mão. o que eu poderia fazer, senão chorar sozinho, entre meus lençóis, e torcendo pra que ninguém no ônibus notasse meus olhos inchados. não notaram. ou não se importaram. desci, ainda pensando que o mundo é algo só de um, e não de dois, três… trabalhei, fui embora. nada. cheguei em casa, e você me sorriu aquele sorriso bonito, quase infantil, que você sempre dá. mas dessa vez o peso do mundo não foi embora. não. ele pareceu maior, como se esse sorriso só confirmasse aquilo que eu temia desde o início: somos sós no mundo.

te abracei um abraço triste, de quem já  não pode mais esconder nada. você mal pode compreender esses meus pensamentos. eu estou só. mas nós somos sós. e o que podemos fazer? quando tudo chega nesses termos, é hora de dizer adeus. entendi que caminhos não são trilhados em conjunto. cada um vai no seu, caminhando só, mas em alguns pontos acabamos cruzando o caminho de outro. e se paramos para nos distrair, chega o momento em que precisamos voltar a caminhar o nosso caminho, e a solidão pode até pesar um pouco na nossa mochila, mas quem disse que tinha que ser fácil?

quando você saiu, entre lágrimas, me disse algo bonito: “ainda te quero bem…”, você tocou fundo. e eu ainda te amo. e a vida é assim mesmo, fazer o que…